30.6.07

avey tare & kría brekkan - pullhair rubeye (paw tracks - paw 15 cd 2007)

avey tare & kría brekkan - pullhair rubeye (paw tracks - paw 15 cd 2007)

não resisto a transcrever o texto sobre este disco (que apareceu na newsletter da flur LUST #317 de 29 jun 2007):

"Além de membro fundador e vocalista dos Animal Collective, Dave Portner é também o génio que assombra a maior parte das suas canções. A solo, ou separado do grupo, só teve presença numa das «Split Series» da Fat Cat, dividindo o #16 dessa série com David Grubbs. Recentemente casou-se com Kristin Anna Valtysfdottir, uma das gémeas dos Múm, e a relação passou a servir também como mote para motivos criativos/profissionais. Juntos, como Avey Tare e Kria Brekkan, lançaram um dos álbuns que mais tem dado que falar neste ano, nem sempre pelos melhores motivos (continuem a ler). Pelo prazer conceptual, «Pullhair Rubeye» é um objecto fascinante, porque além da curiosidade que o seu resultado desperta, questiona o ouvinte a pensar em formatos e, talvez, adaptar a forma de ouvir. Não havia nada assim desde «Zaireeka» dos Flaming Lips, uma obra tão desarmante pela facilidade de mutação, que não nos deixa adivinhar qual é o seu lado positivo/negativo, bom/mau, certo/errado. Facto 1: «Pullhair Rubeye» está invertido, com os temas a tocarem de trás para a frente. Facto 2: qualquer ouvinte pode rapidamente corrigir a ordem natural das coisas num computador e escolher o que prefere ouvir. Facto 3: é uma espécie de dois em um, algo que um álbum normal não poderia oferecer; aqui a inversão é imediatamente sugerida e isso move-nos para a audição ao contrário. Ou seja, o oposto dificilmente aconteceria por sugestão/frustração. Aqui, pela força de poder e da novidade, somos movidos a profanar o álbum. As razões que levaram o casal a tomar esta opção são tão fortes quanto o impulso que temos para "corrigi-la". E não vale a pena tentar entender aquilo que só é movido por acção/reacção. Daí esta obra marcar o seu tempo, sinónimo da guerra actual dos formatos, tal como «Zaireeka» o fez há uma década atrás, antevendo a facilidade com que qualquer um, num computador pessoal, poderia misturá-lo como bem entendesse."

aqui vai a explicação de um dos autores: http://en.wikipedia.org/wiki/Pullhair_Rubeye

para quem quiser desfrutar de ambas as versões (a original/de trás para a frente e a invertida/da frente para trás):
http://www.megaupload.com/pt/?d=GASUGW5X

7.5.07

nurse with wound - fundação de serralves, porto 05 mai 2007 22h30



só falta o texto e o vídeo integral do concerto!

4.5.07

akron/family + dopo - musicbox, lisboa 22 abr 2007 22h30


além do texto estou a preparar fotos e vídeos

3.5.07

joanna newsom - aula magna, lisboa 02 mai 2007 22h30




ainda não recuperei, faço a crónica depois

15.4.07

15.2.07

nine inch nails - coliseu dos recreios, lisboa 10 fev 2007 22h00


13 anos e 13 kg depois lá veio o trent reznor
crónica está já a seguir

30.11.06

animal collective - hollinndagain (paw tracks - paw 012 cd 2006)

animal collective - hollinndagain (2006)
paw tracks (paw 012 cd)

reedição em formato cd do disco ao vivo editado originalmente em lp em 2001, contém algumas das gravações mais antigas do colectivo animal, à data constituído apenas por avey tare, panda bear e geologist.

disponível para audição (rapidshare), mas é obrigatório adquirir o original:
http://rapidshare.com/files/4508904/_flying-red-oak.blogspot.com__animal_collective_-_hollinndagain__2006_cd_.zip
password: flying-red-oak.blogspot.com

23.11.06

six organs of admittance - galeria zé dos bois, lisboa 17 nov 2006 23h30


a aposta estava ganha à partida. casa cheia na zdb, um nome sonante da vanguarda musical com a carreira em ponto rebuçado, e, ainda por cima, alguém com uma genuína relação emocional com portugal/lisboa. a aposta estava ganha à partida, mas ben chasny, ou six organs of admittance (nome pelo qual responde quando se apresenta em palco ou edita discos) não optou pela via do menor esforço nem foi em cantigas. literalmente. apresentou um alinhamento denso, com ênfase repartido em temas dos primeiros discos (mais obscuros) e dos últimos (hmmm… um bocadinho menos obscuros…). quem estava à espera de ouvir êxitos festivaleiros saiu de lá com as expectativas goradas.
do último disco, o belíssimo “the sun awakens” editado este ano, tocou quanto muito um par de temas. mas também não se estava à espera que viesse cá para o promover. aliás, aquele é apenas mais um capítulo do livro das suas visões pessoais, visões essas que exterioriza em forma de filigranas sonoras.
com uma presença recatada e distante em palco que pode ser confundida com alheamento ou até pose arrogante (quando no fundo se trata de uma timidez atroz que nem os whiskies que emborcava ajudavam a desvanecer) os seus concertos são celebrações, onde, contudo, ele prefere ocupar o lugar de sacristão em vez do de sacerdote. mesmo assim, esteve bem mais liberto do que em outras aparições em território luso (quer nas primeiras partes de current 93 ou joanna newsom, quer em nome próprio), sendo, por vezes, quase perceptível a troca de palavras com o público no intervalo dos temas! numa dessas raras ocasiões de eloquência, ben chasny confessou que já há ano e meio que não tocava viola acústica, e de repente, veio à ideia um qualquer ditado popular que envolve andar de bicicleta.

16.11.06

hrsta + carla bozulich - galeria zé dos bois, lisboa 9 nov 2006 23h30

as havaianas calçadas faziam antever uma quente noite de novembro na zé dos bois devido às projecções sonoras oriundas da américa do norte. da constelação canadiana chegaram uns hrsta com um intrigante enredo sónico e cristalino, alternando a pureza da guitarra acústica e da poesia com experiências maquinais manipuladas por humanos pós-desenvolvidos que nos conduziam por um bosque iluminado pela tremeluzente lua quase cheia. foram percorridos trilhos que deambularam quer por "l'éclat du ciel était insoutenable", quer por "stem stem in electro" e outras sinfonias mais. apesar da distância à próxima paragem ainda se ouviram batidas no soalho gasto da sala meia cheia de "swallow's tail" que nos acompanhou até à chegada de carla bozulich.
(flying red oak)
depois de alguns anos confinada à cena experimental de los angeles, como figura de proa em bandas tão desconhecidas fora de portas como os ethel meatplough ou os geraldine fibbers, carla bozulich mandou as bandas às urtigas e lançou-se em nome próprio. a primeira aparição da menina carla em lisboa deve-se à promoção do seu mais recente trabalho “evangelista” (primeiro trabalho de um artista não-canadiano a ser editado pela constellation records) e para tal fez-se acompanhar ao vivo por uma baixista e 2/3 dos hrsta em alguns dos temas.
e se nos hrsta a poesia se manifesta numa roupagem atmosférica, a poesia continuou mas na sua forma mais visceral. algures entre uma diamanda galàs e uma pj harvey circa “rid of me”, isto é, mulher-com-ar-torturado-tocadora-de-guitarra-eléctrica-com-vestido-à-baile-de-finalistas-alternativo-a-cantar-com-voz-cavernosa-e-laivos-gospel, a menina carla provou que a palavra “intimista” não pode ser utilizada por dá cá aquela palha em qualquer espectáculo só porque envolve um candelabro em cima do amplificador ou porque o artista actua de olhos fechados ou porque troca meia dúzia de palavras amigáveis com o público. não, não é nada disso, intimista é uma total entrega, um pôr-se a nu perante o público e um transmitir real das emoções. quando a menina carla vociferou interminavelmente “LOVE” num dos mais sentidos temas da sua actuação, ninguém teve dúvidas que tal nível de intensidade era genuíno. ou quando abandonou o palco para deambular no meio da assistência enquanto cantava e ia fixando olhos-nos-olhos diversos elementos do público, os sentimentos de partilha e reciprocidade eram óbvios. ou ainda quando alternava entre cantar e narrar os temas, dando ênfase a que no fundo no fundo as suas canções são histórias que vêm do seu âmago. ou quando alguns afortunados saíram da zdb com a certeza que presenciaram um momento ímpar.
(araponga!)